As Liberdades Essenciais
As liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de organização social, liberdade económica.
Pela liberdade de cultura, o homem poderá desenvolver ao máximo o seu espírito crítico e criador; ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém impedirá que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado.
Pela liberdade de organização social, o homem intervém no arranjo da sua vida em sociedade, administrando e guiando, em sistemas cada vez mais perfeitos à medida que a sua cultura se for alargando; para o bom governante, cada cidadão não é uma cabeça de rebanho; é como que o aluno de uma escola de humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes, através dos regimes possíveis.
Pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo; nenhum homem deve ser explorado por outro homem; ninguém deve, pela posse dos meios de produção e de transporte, que permitem explorar, pôr em perigo a sua liberdade de Espírito ou a liberdade de Espírito dos outros.
No Reino Divino, na organização humana mais perfeita, não haverá nenhuma restrição de cultura, nenhuma coacção de governo, nenhuma propriedade.
A tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de todos.
Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
As liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de organização social, liberdade económica.
Pela liberdade de cultura, o homem poderá desenvolver ao máximo o seu espírito crítico e criador; ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém impedirá que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado.
Pela liberdade de organização social, o homem intervém no arranjo da sua vida em sociedade, administrando e guiando, em sistemas cada vez mais perfeitos à medida que a sua cultura se for alargando; para o bom governante, cada cidadão não é uma cabeça de rebanho; é como que o aluno de uma escola de humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes, através dos regimes possíveis.
Pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo; nenhum homem deve ser explorado por outro homem; ninguém deve, pela posse dos meios de produção e de transporte, que permitem explorar, pôr em perigo a sua liberdade de Espírito ou a liberdade de Espírito dos outros.
No Reino Divino, na organização humana mais perfeita, não haverá nenhuma restrição de cultura, nenhuma coacção de governo, nenhuma propriedade.
A tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de todos.
Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
2 comentários:
A propósito de Agostinho da Silva...
"Eu não transmito luz aos outros, tento apenas desocultar a luz que há nos outros"
Nos 32 anos de trabalho como Educadora de Infância
foi este testemunho de Agostinho da Silva que me norteou, mais, que me mostrou também o Sul, o Leste e o Oeste.
Manuela Baptista
Estoril 26 de Outubro 2008
TRIBUTO
ABARRACAMENTO DE PENICHE
O desenho, o manuscrito e a reflexão
Vai para vinte anos, tive o previlégio de conhecer, porque Lhes bati à porta, Maria Keil e Agostinho da Silva, ao tempo em que, vizinhos, moravam ambos na Travessa do Abarracamento de Peniche, ao Bairro Alto, em Lisboa.
Um com os seus gatos, a Outra com os seus quadros, ambos, há altura, já consagrados.
Foram duas entre tantas outras pessoas que num periodo de grande turbulência pessoal como global também, não nos esqueçamos que escrevo do periodo que antecede e logo pós-cede a queda do muro de Berlim, os trágicos acontecimentos de Tien-an-Men ou se quizerem aquele periodo histórico que acelerou a globalização e logo uma etapa da democratização política à escala global embora esta tivesse, simultaneamente, sido acompanhada de desregulação económica cujos efeitos hoje se abatem, inexoráveis, sobre todos.
Maria Keil e Agostinho da Silva ambos me abriram as Suas portas e com eles, desabridamente, reflecti, convulsivamente diria, tiveram a disponibilidade de me ouvir sem me conhecerem de lado nenhum e de ambos guardo preciosas recordações etéreas umas, materiais as outras.
Estando, felizmente, ainda entre nós, a Maria Keil perdi-Lhe, entretanto, o rasto e como gostaria que este tributo, a ela Lhe viesse ainda a chegar!
De ambos guardo preciosas recordações que não mais deixaram de me acompanhar:
De Maria Keil dois quadros, desenhos magníficos (!), que entretanto adquiri na Galeria de Colares e contando os cordões à bolsa que nunca foi muito recheada (!), A Música e O Fauno que ainda hoje ladeiam a lareira de minha mãe, na sala de visitas e que me despertam como despertaram leituras sem fim num díptico que nelas, abusivamente, vi e continuo a ver.
De Agostinho da Silva dois estimulantes cartões manuscritos que este me escreveu, cheios de ironia e de sinceridade (!), em resposta a outros manuscritos dos quais também dele fiz meu destinatário e que na altura funcionaram como autênticos balões de oxigénio na travessia a que, mal pressentia, voluntariamente me predispuz.
O manuscrito, o desenho e a reflexão ...
Há entre eles uma correlação mais estreita do que se julga.
O manuscrito desenha e religa numa fluidez que, assim haja conteúdo reflexivo (!), funciona como ponte na rodagem de um pensamento Livre:
No exercício da Cidadania plena e das três liberdades referidas por Agostinho da Silva e citadas por Si, Isabel, as liberdades cultural, de organização social e económica ...!
Porque elas não vivem desligadas umas das outras antes se complementam, não são mera retórica, tal como esta ferramenta electrónica, blogues, mails e internet nos podem religar, aproximar, na condição do desenvolvimento dos conteúdos referidos atrás e precedidas, porque esse desenho não se tornou prescindível (!), do treino do manuscrito.
Felino e musical, o manuscrito deambula circular e ágil, dançarino e religado, mansamente sobre o sonho numa assinatura única e original.
Mais uma questão pedagógica que, acutilante, nos interpela!
As ferramentas, a saber, o lápis, a caneta, o pincel e o computador não se excluem, devem ser antes complementares e inclusivos.
Inclusivos e interdependentes tal como um gato do seu dono e vice-versa pois que silencioso e arguto, fluido deambula bailarino e aromático.
Lembro-me muito bem do cheiro a gato, a felino, que se respirava, paradoxalmente agradável em casa de Agostinho da Silva à Travessa do Abarracamento de Peniche ...
Era felina a sabedoria do pensador como ágil e musical, herança do pai (!?), a mão da artista!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Outubro de 2008
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