domingo, 8 de março de 2009

A passo de caracol



Boa tarde a quem me leia, nesta tarde de Domingo, num intervalo que fiz na cozinha e em que tirei o avental (passo a maior parte do fim de semana de avental!!!).
O Jaime tem toda a razão no comentário que fez ao post anterior.
Há coisas que não quero colocar no blog "Casa da Venância" que pertence a uma parte de mim que, não tendo estagnado, se fixou no David. Esse durará o tempo que durar...
Esse blog foi-me criado, antes de o David adoecer, pela minha norinha.
Pretendia, nessa altura, falar da escola, de espectáculos, dos nossos almoços de amigos de Moledo, de receitas, eu sei lá.
Do que calhasse!
Não sou muito organizada, nesse aspecto.
Depois houve a doença do David, a paragem no tempo, o sufoco completo...
É o blog do meu filho.




Mas...
Não me sabia capaz de criar um blog, sozinha.
Este blog foi criado no início de Janeiro, num impulso de momento, numa tentativa de me acordar a mim própria.
E, quando num tempo livre, à secretária, consegui fazer este e com um nome que me reflectia...deixei-o ficar.
Só depois fui pensando no que lá poria.
Entretanto, foi-se desenvolvendo a luta lenta dos professores, em relação à avaliação, em relação aos concursos para titular, ao novo modelo de gestão...
E eu fui vendo, sem grande participação (não tenho ânimo). Mas atenta.
Fala-se de portefólios, de dossiers, de registos, de planificações ... que permitam servir de base à avaliação de desempenho dos professores.
E fui percebendo que seria útil, a mim própria, fazer qualquer coisa de diferente, no que respeita ao registo da actividade lectiva.
E com a cabeça ausente como anda, ainda mais se justificava.
Não há coordenadas orientadoras oficiais e objectivas quanto aos Cursos EFA, criados no âmbito das Novas Oportunidades.
É a nossa Coordenadora, a Clementina, que nos vai orientando com base na experiência que tem.
Há textos de apoio (fracos e poucos) e há "critérios de evidência" confusos... Não sei bem como se trabalham esses critérios.
Com o tempo...
Em Cidadania, pretende-se que abordemos a Organização Políticas dos Estados Democráticos e, ao mesmo tempo, façamos com que os alunos desenvolvam Competências para trabalhar em grupo.
E na Organização Económica dos mesmos estados ... que levemos os alunos a desenvolverem Competências de adaptabilidade e flexibilidade.
E, assim, por aí fora.


Ora...
Eu não sou menina para deixar os alunos estarem de braços cruzados a ouvirem-me a dissertar, depois de um dia de trabalho. A mim, custar-me-ia. Acho que estão mais motivados para trabalhos práticos.
Não tenho a pretensão de achar que sei de tudo ou que sou autodidacta ...
Ponho-me nas minhas tamanquinhas e vou indo pé ante pé.
Vou pesquisando.
Tendo Mestrado em Planificação de Educação e gostando de me actualizar nesta área, conheço as novas tendências quanto a estratégias de ensino, em sala de aula e (mais ou menos) como fazer para que os alunos desenvolvam as tais competências (critérios de evidência?).
Sendo, de origem, professora de Português, vou escolhendo textos com "selo de garantia", vou procurando filmes com temáticas associadas aos módulos que dou.

Jaime, isto está a ficar um pouco confuso.
Afinal para quê este blog?
Para evitar dossiers e portefólios em papel.
Sou muito desorganizada com papéis.
O Manel costuma dizer que se eu fosse nomeada para a Torre do Tombo, rapidamente, o espólio ficaria reduzido a uma ou duas prateleiras. Por causa dos ácaros, por causa do pó, por causa do cheiro a mofo, por causa da humidade...
Assim, aqui não há papéis.
Vão indo para o caixote do lixo, à medida que vou fixando, aqui, (mais ou menos) o que fiz nas aulas, ao longo de cada semana.
Em vez daquelas grelhas antigas com objectivos, intervenientes, estratégias, procedimentos, datas, planos de aula, etc... e em que uns confundiam objectivos com conteúdos temáticos ou outra coisa qualquer... Decidi colocar tudo isso nestas páginas; como um diário de bordo.
Acho simpática esta coisa do Diário de Bordo.
Mas e os trabalhos dos alunos?
Mais papel?
Poupem-me. Tenham dó de mim!
Que diferença faz tê-los fechados num dossier (que ninguém vê!!) ou colocá-los aqui?
Prefiro recorrer a estas novas tecnologias, embora as domine muito mal.
Decidi ir pondo aqui o que fazem; para que possam ver os trabalhos próprios e os dos outros.
E fazerem comentários.
Também se pede aos alunos que dominem as TIC e eu ajudo, desta forma ... dentro das minhas possibilidades.

Sabemos, eu e os alunos, que são trabalhos simples (trabalham todo o dia), mas honestos.
Sabemos que surgiram na sequência de uma determinada forma de ver um filme ou de analisar um texto ou de uma notícia sobre crianças e maus tratos, sobre atentados ao ambiente, sobre a lentidão da justiça, sobre Darwin, sobre as descidas das taxas de juro, sobre a fome, ...
Sabemos, eu e os alunos, que há esforço, aperfeiçoamento, pesquisa, partilha, construção de novos saberes, novas experiências...
Sabemos, eu e os alunos, que cada um contribui conforme pode e a disponibilidade de tempo que tem.
E é isso que me interessa; que os alunos dêm passos curtos mas seguros na construção da sua própria aprendizagem.
E que os "horizontes" deles se alarguem.
E que encarem o mundo em toda a sua diversidade.


Ainda estou em fase de encontrar a forma adequada e contextualizada de gerir as várias turmas e os respectivos trabalhos.
Este é um blog em construção, ainda mal definido, mal estruturado e muito incompleto.
Faltam aqui
  • Sumários das aulas
  • Textos ou documentos que usámos como base de trabalho
  • Mais trabalhos já (mais ou menos) corrigidos...
  • Textos ou poemas
    • escolhas minhas ou sugestões dos leitores
  • Indicações de filmes interessantes que abordem a problemática da Socialização da Criança ou das várias vertentes da Cidadania.
  • .....


Quanto à forma como quem lê este blog pode participar?
Aceito toda a ajuda!
  • Comentários sobre o ensino e educação.
  • Sugestões de trabalho.
  • Poemas ou textos ou opiniões pessoais alusivos aos "temas de vida" (faz parte dos normativos legais) das minhas turmas
    • A criança e a família
    • Envelhecer com dignidade
  • Críticas ou discordâncias, quanto ao que digo ou faço.
  • "Levantamento" de erros nos textos (meus ou dos alunos)
  • Pistas na net, no you tube, ...
  • Sites interessantes
  • Informações sobre como abordar, brevemente, orientações programáticas como... (e transcrevo)
    • "Org. Económica dos Estados Democráticos" (versão light)
    • "Reintegração social de vítimas de acidentes."
    • "Relações entre deontologia e inovação tecnológica."
    • "Papel do Estado na promoção da saúde dos cidadãos."
    • "Construir uma carteira de competências individual."
    • "Conhecer mecanismos e dispositivos de concertação social."
E não esqueçam!
O público-alvo são alunos da noite que frequentam cursos de adultos para obtenção de equivalência ao 2º ciclo ou 3º ciclo do ensino básico.

Obrigada, Jaime, por me ter obrigado a reflectir...


Acho que teria sido mais inteligente da minha parte chamar a este blog "A passo de caracol"...

3 comentários:

Anónimo disse...

ISABEL VENÂNCIO


Afinal em que é que ficamos, borboleta ou caracol?


A BORBOLETA E O CARACOL

Era uma vez uma borboleta que tendo já passado por todas as fases características das suas metamorfoses e esvoaçando como uma danada sem norte, esbarrou, sem querer, contra uma parede que, mal vira, estava pintada de fresco.

Apanhada naquela superfície viscosa que rápidamente lhe tolheu os movimentos, viu-se a escorregar parede a baixo até se esparramar, redonda e recoberta de tinta fresca, no chão.

Estucada pela goma fresca de tinta e continuando a espernear, sem quartel, emaranhada nas asas e no corpo todo, sentiu-se como uma lesma mais viscosa do que a tinta.

Arrastando-se pelo chão a passo, sonhou então ser um caracol!

Faltava-Lhe porém a casa que, no entanto, agora começava a ser construída, a passo sim, voando também e garrida de uma pluralidade de tintas frescas, cromática pintura.

Diz, por fim, o narrador que sendo, como a autora deste blogue, também um tanto desorganizado, encontrou, e satisfeito com as explicações dadas, ser esta uma como qualquer outra maneira de se adaptar ao contexto que agora se clarifica, criando pontes entre uma borboleta, um caracol e o pintado de fresco que se deseja venha a produzir resultados e dos melhores!

Por cá vou aparecendo.


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Março de 2009

Anónimo disse...

Diálogo Sem Pressas

Diz a casa ao caracol:
"Porque andas tão devagar?
Assim com este ripanço
Podemos nunca chegar!"

E o caracol responde:
"Ora, eu é que te levo em cima!
Deslizando de mansinho
Vou fazendo o meu caminho.

E se não queres este projecto
Ficas mas é sem tecto"

Manuela Baptista
Estoril, 10 de Março 2009

Anónimo disse...

REFLEXÃO DE UMA ILUSTRAÇÃO


Brocha ou pincel na minha mão
Que aplaina uma estrada pelo chão
Sentidos tem-nos todos que se queira
Ultrapassáveis são os traços da ladeira


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Março de 2009